segunda-feira, 4 de outubro de 2021

clichês lésbicos.

Eu estava apaixonada de uma forma saudavel, mas não achava que poderia um dia receber a reciprocidade que eu queria.

Quando mal dormia, me via em lástimas por uma paixão  crescente, mas eu nao sabia como fazê-la parecer que eu de fato a tinha. Será que um dia eu a teria como parceira minha?

Questionamentos rotineiros estes que incendeio em minha mente. À ela tão potente: te enxergava como rima em poesia, silêncios e eu liricos, a verdade é que te quis desde o inicio, e provavelmente hei de querer para sempre. 

Não o amor que por ela sinto. Ela. Eternizada em minha vida. Da forma que for, será bonito.

Mas será que um dia a estabilidade chegaria?
A insegurança por vezes tá de maos dadas comigo. O receio não parte, fisgadas num peito que ela nao repousa num domingo a tarde.

Mãos que nao se prendem, sentimentos que consentem. Umas boas desculpas bem cabidas, e umas velhas roupas que não mais serviam, incitavam a fadiga.

Eu juro que não queria essa sensaçao interna de intriga. Sentimento de perda do que nunca tive! Era isto. Risos e calafrios. 

Por vezes me sentia perdida devido às questões mal conduzidas. Mas na última sexta-feira, ao olhar em seus olhos, senti que poderia ir à guerra só de roupa intima. Mataria todos os opostos que entrassem em nossos caminhos, juntos ou separados, mas para sempre eternizados em rima.

Eu desejava algumas outras, mas era só ela quem eu queria.

Eu me perdia nos sinais que eu achava que ela me dava, mas talvez fosse apenas eu romantizando tudo o que eu gostaria de poder lhe oferecer.
Ombro amigo.
Poesias e moradia em abraços seguros.
Chamegos e cafunés diurnos.
Prazeres noturnos para descansos sadios.
Pés juntos em festa, testa com testa, recorte em tesoura que não corta mas gruda.
Será que ela se excitaria de vontade?
Gozaria até tarde?
Rodeadas de amizade e arte.
Beauvoir e Audre Lorde.
Gin tônica e vinho.
Será que ela aceitaria passar o resto das nossas vidas rindo de homens medíocres comigo?

Eu sinto falta do que ainda não tive, se ela realmente almejasse me ter, será que eu conseguiria mantê-la?

Corriqueiramente a imagino rindo consigo das fantasias que escrevo, dos sentimentos que não nego e transcrevo, mas ela sequer me leu. 

Olho no olho no espelho e logo penso em tudo o que poderia ser seu. Me permito ao gozo interno de me pertencer inteira, e do prazer que a imaginaçao de querê-la me proporciona.

Mas será que ela realmente iria me querer inteira? Com todos os traumas e sintomas. Eu a acolheria em sua sintonia consigo. Sua liberdade não me remete ao perigo. Pelo contrário: a admiro.

Verdadeiros clichês lésbicos e muita sorte. Mas as vezes morrem quando me recordo de suas palavras passadas que ecoam tão presentes "não vejo sinais de apaixonamento". Somente eu os vejo! Talvez de sua parte seja só desejo.
Mas a amo e não me envergonho de querê-la tanto. Em amizade ou romance.

Eu passo um bom tempo imaginando dar a ela todo amor que ela merece de todos, e já deve receber de muitas.

Mas meu corpo me prende a um passado que eu juro, talvez sozinha eu esteja fadada a pegar fogo, talvez a gente não se mereça tanto.

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