sábado, 7 de fevereiro de 2015

Contemplando meu vazio.

Você diz que sou uma alma perdida, que me escondo entre muros frágeis, que caminho em linhas bambas, que estou a ponto de cair. Mas não percebe que já estou no chão há muito tempo. Você me olha de cima a baixo procurando por uma luz que não existe. E é exatamente isso que você cobra de mim. Você procura um espaço amplo, cheio de amor e claridade, mas se esquece de que dentro de mim existe apenas escuridão em um vazio enorme que só será preenchido por um alguém tão vazio quanto eu. Você clama por paz e uma vida duradoura e apenas o que peço é que tudo acabe antes que a próxima tragédia aconteça, porque sei que suportarei, mas não quero suportar. Você diz que as luzes dentro de mim estão lá no fundo, em algum lugar, mas se esquece de que tudo aqui é vazio, oco. Você diz que sou a pessoa certa, mas se esquece de que a pessoa certa não existe. Você diz que a vida é linda, maravilhosa, que tudo está correndo as mil maravilhas, mas sequer se olha no espelho, porque se olhasse perceberia que sua vida está uma tragédia. Você diz que tudo finalmente está se encaixando, mas cria um mundo imaginário para não se dar conta que seu mundo verdadeiro está deteriorando. Você diz que meus olhos são lindos e consegue enxergar tudo de bom que há por detrás deles, mas esquece de que sou um ser humano frio. Então te peço, enxerga-me do jeito que devo ser enxergada ou não olhe para mim, pois não há nada aqui para ser visto e contemplado a olhos nus. Não me olhe com esses olhos que a tudo julga, que sussurram aos outros olhos palavras que ninguém se sente bem ao ouvir. Olha-me com os olhos da alma e veja realmente como sou. Contemple o vazio que há em mim e insista em dizer que ele é bonito. Diga que ainda posso ser observada por um alguém como eu, que procura abrigo na escuridão, que caminha de sombra em sombra para conseguir sobreviver e saiba que dessa guerra chamada vida ninguém sai ileso. Não me olhe com esses olhos errôneos que enxergam um mundo perfeito. Contemple meu amplo espaço perdido, que está vago na memória de um alguém há muito tempo esquecido. Faça morada na escuridão que existe dentro de mim. Apenas não procure pelo o amor, e sempre saberá onde me encontrar.